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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Evidências: A destruição de Jerusalém

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Já dizem os escritores que escrever sobre a cidade de Jerusalém não é uma tarefa fácil. Isto se dá devido ao fato de sua importância histórica: para o povo judeu, é o local do templo e capital histórica de Judá. Para os cristãos, local da morte e ressurreição de Jesus. Para os muçulmanos, local da ascensão de Maomé ao céu. Cabe ainda destacar que Jerusalém é uma cidade habitada, o que dificulta escavações arqueológicas, que poderiam trazer à tona novas informações sobre a antiga cidade. Além disso, existem ainda hoje conflitos político e religioso por disputa de territórios entre palestinos e judeus.

Origem: "Jerusalém" significa em hebraico, habitação de paz. Seu nome é mencionado pela primeira vez nas escrituras em Josué 10,11. Entretanto, emGênesis14, 18, encontramos uma referência sobre a cidade, que aparece com o nome de Salém. De acordo com a tradição, assim era chamada a capital judaica.

Localização: A cidade está localizada em torno de 750 metros acima do nível do mar e entre dois vales: o Hinom, ao oeste e ao sul, e o Cendron, ao leste, que separa a cidade do Monte das Oliveiras. Situada nas Montanhas da Judéia, entre o mar mediterrâneo e o norte do mar morto. 
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 Histórico: Sobre a Jerusalém antiga existem poucas informações. Nas cartas de Amarna (séc.XIV a. C.), há uma referência a uma cidade chamada Urusalim, governada pelo rei Abdu-Heba, que escreveu ao faraó pedindo ajuda para combater os Habirus. Gn 14, 18-20 faz menção a uma cidade de nome Salem que era governada pelo rei Melquisedec, e que muitos acreditam tratar-se se Jerusalém. A primeira referência bíblica importante encontramos no livro de Josué, onde é relatada a conquista de Jerusalém, quando Josué derrotou uma coligação de cinco reis, entre eles o rei Adonisedec de Jerusalém, (cf. Js10, 1-27). Apesar de que, em Js 15,8. 63, os jebuseus continuaram habitando a cidade. Mais tarde, em 2Sm 5,6-10, Davi toma Jerusalém dos jebuseus e faz dela o centro de seu reinado. A Jerusalém do tempo de Davi esta localizada fora da atual muralha da cidade antiga, e não passava de uma aldeia de três ou quatro hectares. Jerusalém só adquiriu importância depois da destruição da Samaria pelos Assírios, em 722 a.C. Nesse período, Jerusalém passou, em pouco tempo, de uma aldeia de mil habitantes a uma cidade de quinze mil. 

Hoje pode-se observar no moderno museu de Jerusalém uma interessante maquete da cidade do período romano e que mostra o surgimento dos bairros novos na cidade. Por volta de 701 a. C. Ezequias, rei de Jerusalém, se rebelou contra o domínio assírio. Foi então que Ezequias construiu a forte muralha (cf. Is22, 10; 2Cr 32,5) com pedras que chegam a alcançar sete metros de espessura, como pode ser visto atualmente nas escavações. Para essa época, Ezequias também cavou o túnel de 513 metros a fim de trazer água da fonte de Gion para dentro da muralha da cidade, até o reservatório de Siloé (cf. 2Rs 20,20; 2Cr 32, 2-4. 30). O túnel foi escavado na rocha em forma de S começando simultaneamente pelas duas extremidades. Uma inscrição encontrada no interior do túnel relata o momento emocionante do encontro dos dois grupos de escavadores. Descoberto por Edward Robson em 1838, o túnel encontra-se aberto, hoje em dia, para visitas. 

 Em 587 a.C., Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor, e sua população deportada para Babilônia. A cidade ficou abandonada por cinquenta anos, quando foi reconstruída, junto com o templo, pelos judeus que voltaram do exílio. Herodes, o Grande, que reinou de 37 – 04 a.C., reestruturou a cidade, aumentou consideravelmente a área da plataforma do templo e construiu um novo templo (cf. Jo 2, 20), a fortaleza Antônia e um palácio para si, cujo local é hoje identificado com a atual cidadela. Durante a guerra judaica (66-73 d.C.), Jerusalém foi novamente invadida e saqueada, e o templo destruído. Dessa vez, pelo general Tito, em 70 d.C. Em 132-135 d.C. aconteceu outra rebelião liderada por Bar Kohba, e novamente Jerusalém foi conquistada, e os judeus expulsos da Judéia. Em 313 d. C., o imperador Constantino legalizou o cristianismo, proporcionando a peregrinação de cristãos aos lugares sagrados da terra santa identificados por sua mãe Helena e demais estudiosos da época. Igrejas foram construídas por toda parte, surgiram mosteiros nos desertos, e Jerusalém, voltou a se expandir como no tempo de Herodes, o Grande. É o chamado período Bizantino (324-640). Em 636, a Palestina foi conquistada pelos Árabes (640-1099), comandados pelo califa Omar, sucessor de Maomé, Jerusalém se converteu num centro de peregrinação muçulmana. A cidade foi embelezada, a peregrinação cristã, permitida até 1009, quando o califa Louco Hakim começa uma perseguição violenta aos cristãos e as igrejas foram destruídas. A situação piorou em 1071, quando os turcos selêucidas tomaram Jerusalém e as peregrinações cristãs foram proibidas. Essa situação resultou num forte apoio da Europa à proclamação da cruzada pelo Papa Urbano II, em 1095, para “libertar a terra santa” e recuperar o controle das rotas comerciais do oriente. Em julho de 1099, os cruzados tomaram Jerusalém com um grande massacre de muçulmanos. Voltaram, então as peregrinações da Europa e cresceu o investimento na cidade com construções. O domínio europeu não durou muito tempo, em 1187 os cruzados foram derrotados por Saladino, cuja dinastia se manteve no poder até 1250, quando a Palestina foi invadida pelo Egito. Os egípcios permaneceram lá até 1517, quando Jerusalém caiu nas mãos dos turcos otomanos (1517-1918). Nesse período o Sulimão, o Magnífico (1520-1566), construiu as muralhas que cercam hoje a Jerusalém antiga. Na atualidade A cidade de Jerusalém esta dividida em quatro bairros: o bairro muçulmano, o maior; o bairro cristão; o bairro judeu e o bairro armênio. A muralha, sobre a qual se pode caminhar em grande parte, contém sete portões: o portão de Damasco, o portão de Herodes, o portão de Santo Estevão ou portão dos leões, o portão dourado, o portão Dung ou portão dos detritos, o portão de Sião, o portão de Jafa e o portão Novo(2). O portão dourado foi fechado desde a época dos muçulmanos. Destaque para quem chega a Jerusalém é conhecer a Cúpula da Rocha ou Mesquita de Omar, construída sobre o monte do templo. Este foi o primeiro santuário do Islam, erguido em 688 e 691 d. C. Sua construção teria sido em honra à ascensão de Maomé ao céu. Em disputa com os templos bizantinos da época, a Cúpula da Rocha estaria construída sobre a ruinas do Templo judaico que, conforme 2Cr 3,1 estava construído sobre o monte Moriá, onde em Gn 22,2 Abraão iria sacrificar seu filho Issac. De acordo com a tradição popular, essa seria a enorme rocha que se encontra em seu interior e que lhe confere o nome de cúpula da rocha. Hoje o acesso à mesquita é restrito, sendo permitido apenas aos muçulmanos. O chamado muro das lamentações, é o muro ocidental, está localizado na parte sudoeste do monte do templo e leva este nome porque durante séculos os judeus do bairro vizinho para lá se dirigiam a fim de rezar e lamentar a destruição do templo. Hoje é possível ver gente do mundo inteiro, e não somente judeus, fazendo suas orações, realizando celebrações festivas como de Bar-Mitzva e deixando entre as pedras do muro seus pedidos. Aos visitantes, chama atenção à divisão para se chegar ao muro. A parte sul é restrita às mulheres, que por sua vez, não podem entrar na praça maior, restrita os homens. A área do muro ocidental é uma Sinagoga aberta onde também são realizadas as orações próprias de abertura e encerramento do Shabat. Na área externa da Sinagoga também acontecem celebrações civis e do exército israelense. O Santo Sepulcro local de peregrinação é guardado por seis grupos: católicos romanos, gregos ortodoxos, armênios, sírios, coptas e etíopes. Destaca-se que na parte superior da Igreja existe uma rocha onde se acredita ser a rocha do calvário onde Jesus foi crucificado. Debaixo do altar há um orifício redondo onde é possível tocar a rocha. Outro objeto que chama atenção dos peregrinos é a pedra que lembra onde o corpo de Jesus foi colocado antes de seu enterro (cf. Jo 19, 38-40). A pedra atual que vemos é do séc. XIX. Para os peregrinos faz parte do itinerário conhecer a Via dolorosa, ou via-sacra, ou seja, o caminho que Jesus seguiu do momento de sua condenação até o calvário. No século XIV, os franciscanos organizaram a via-sacra só na cidade com oito estações. 

Os peregrinos europeus levaram essa tradição para a Europa e incluíram mais seis estações, resultando quatorze ao todo. Atualmente o caminho percorre boa parte do bairro muçulmano e termina no bairro cristão. 

 Conclusão 

 Por Jerusalém ser considerada uma cidade santa por povos de diferentes tradições religiosas, as escavações sempre suscitaram reações emocionadas e vozes que se levantam para condenar os trabalhos dos pesquisadores. As dificuldades, porém, não tem impedido que se continue ainda hoje a escavar Jerusalém. Foi em Jerusalém que Cristo deu a Sua vida por amor a humanidade. Foi em Jerusalém que se deu a efusão do Espírito Santo do Senhor, derramado em Pentecostes, fazendo dela o berço da Igreja cristã. Foi em Jerusalém que Estevão, o primeiro mártir da Igreja deu sua vida por amor a Jesus Cristo. A nova aliança entre Deus e a humanidade foi selada em |Jerusalém. 

Este lugar santo tornou-se o local de cruzamento de toda a história da salvação e consequentemente alvo de muitos conflitos. Dezessete vezes destruída, mas dezoito vezes reconstruída. Símbolo da resistência do amor que sobrevive e atravessa séculos, amor de um Deus único, que ama e que é amado por seus filhos e filhas eternamente. 

Bibliografia: 

 KAEFER, José Ademar. Arqueologia das terras bíblicas. São Paulo: Paulus, 2012. O’CONNOR, J.M. Tierra Santa-Desde las origenes hasta 1700. Madri: Acento editorial, 2000. ÉTIENNE, Dahler.Os lugares da Bíblia. São Paulo: Paulus, 1996. SOTELO, Daniel. Arqueologia Bíblica. São Paulo: Novo Século, 2003. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2003. http://mfa.gov.il/MFA/MFAES/MFAArchive/Pages/Mapa%20de%20Jerusalem.aspx.
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