“Os homens temem o pensamento
original mais do que qualquer coisa sobre a Terra, mas do que a ruína, mais do
que a própria morte”.
Bertrand Russel
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No ano de 646 d.c., a majestosa biblioteca de Alexandria, no Egito, foi queimada pelos invasores árabes por ordem de Amr ibn-el-As, um fanático muçulmano recém convertido para a religião de Maomé. Para ele, o “Alcorão”, o livro sagrado escrito por Maomé, era a única obra que deveria existir na face da Terra. “ O livro de Deus é-nos suficiente”, brandava o fanático contemplando a chama de mais de 532 mil e 800 rolos de papiro e pergaminho queimados, o número aproximado de obras existentes naquela famosa biblioteca que existiu por volta de 900 anos. Nas cinzas desse “auto de fé”, expressão do português erudito que significa na linguagem popular “Queima de Arquivo”, desapareceram incontáveis livros que desvendavam o mistério da origem de nosso mundo.
Tal destruição foi uma tragédia sem precedentes para a humanidade. A biblioteca reunia a maior parte do acervo da antiguidade. Continha obras das mais diversas áreas- astrologia, alquimia, ciências exatas, literatura, história e muitos outros assuntos. A biblioteca de Alexandria não reunia apenas obras gregas e egípcias, mas também de outros povos da antiguidade, além de raros livros de ciências ocultas.
A primeira biblioteca que se tem notícia na história da humanidade foi a de Tebas, construída pelo faraó Ramsés II em 3.300 a.C., conforme informa o historiador grego Diodoro da Sicília, que viveu no primeiro século antes de Cristo. Na porta da biblioteca, havia a seguinte inscrição- “Tesouro dos Remédios da Alma”.
Os antigos egípcios escreviam em folhas feitas de papiro, uma planta das margens do rio Nilo da qual se extraíam fibras para fabricação de um tipo de papel. Os “livros” egípcios eram rolos de papiro, alguns dos quais que se estendiam, quando desenrolados, até 50 metros. Quando os gregos macedônios invadiram o Egito nos anos 300 d.C. e fundaram a famosa biblioteca de Alexandria, foram recolhidos 35.525 papiros da biblioteca de Tebas para os arquivos da nova instituição. Entre os papiros, encontrava-se um especial, o misterioso “Livro de Toth”.
Relembremos a história dessa invasão. Certa vez houve um conquistador vindo da Macedônia, país de língua grega ao norte da Grécia, que ficou imortalizado na História pelo nome de Alexandre Magno. Tendo vivido de 356 a.C. a 323 a.C., Alexandre (Aleksandros, em grego) invadiu e conquistou o império persa que, nos anos 300 a.C. era então a potência militar do mundo.
Alexandre Magno fundou em 332 a.C. uma cidade na foz do rio Nilo, no Egito, à qual foi dado o nome de “Alexandria”, em homenagem ao jovem conquistador que morreu com apenas 33 anos de idade, após conduzir uma colossal guerra de conquista que o imortalizou na História.
Na divisão do império persa em províncias, o general Ptolomeu, que havia combatido ao lado de Alexandre, ficou com o Egito, no qual proclamou-se “faraó” (Rei) sob o nome de Ptolomeu I. A famosa biblioteca de Alexandre foi fundada poucos anos depois da criação da cidade.
Os gregos eram um povo que apreciavam bibliotecas. O famoso filósofo grego Aristóteles mantinha uma. Depois de sua morte, seu discípulo Teofrasto continuou cuidando do material, sendo sucedido depois por Neleo de Scepsis, que assumiu o cargo 31 anos depois da morte de Aristóteles.
Depois que assumiu Neleo, a situação da biblioteca piorou. Herdeiros dos filósofo armazenaram o acervo da biblioteca num porão, vendendo-o posteriormente par um comerciante chamado Apelicon. Os manuscritos, inclusive obras originais de Aristóteles, ficaram pegando poeira, umidade e ataque de inseto durante séculos até que os romanos, que conquistaram a Grécia, acharam e retiraram o precioso acervo para suas bibliotecas. Alguns volumes da famosa biblioteca de Aristóteles acabaram na biblioteca de Alexandria.
Os romanos eram um povo de soldados, mas apreciavam a cultura. Por isso, não tinham o costume de incendiar as bibliotecas das cidades que conquistavam a não ser se tivessem alguma superstição. Levavam os manuscritos de outros povos para suas bibliotecas. O famoso general romano Júlio César fundou sua famosa biblioteca em Roma em 37 a.C. com acervo de pilhagens.
O primeiro zelador da biblioteca de Aristóteles, Teofrasto, tinha um discípulo chamado Demétrio de Phalère. Este último mudou-se para o Egito onde convenceu o rei Ptolomeu I Sóter a criar a biblioteca de Alexandria, construída em 290 a.C. O sucessor de Ptolomeu I, Ptolomeu II Filadelfo, enriqueceu a biblioteca com 700 mil volumes em papiro do acervo da civilização egípcia recolhidos nas mais variadas cidades daquele país, conquistado pelo gregos macedônios.
Nascido entre os anos de 354 a 348 a.C, Demétrios de Phalère foi governador de Atenas durante 10 anos (317 a 307 a.C.) e autor de diversos manuscritos, entre eles um intitulado “ Sobre o feixe de luz no céu”. Tratava-se da primeira obra sobre discos voadores. Demétrios administrou a biblioteca de 297 a.C a 283 a.C, quando entrou em desavenças com o faraó Ptolomeu II que o expulsou do Egito.
A biblioteca de Alexandria era espaçosa e muito confortável. Situava-se num edifício com numerosas salas e anexos. Seus usuários contavam com os serviços de uma equipe de funcionários encarregados de preparar os códices (rolos) para a leitura. Na instituição, havia também encardenadores e tradutores que auxiliavam os leitores em textos de línguas que não conheciam. Além disso, o acervo era catalogado e classificado. Eram o início da biblioteconomia.
No Iº século a.C., o general romano Júlio César invadiu o Egito. Ao atear fogo na esquadra que defendia Alexandria, situada às margens do mar Mediterrâneo, o fogo alastrou-se pela cidade, atingindo a biblioteca. Mais tarde, Júlio César, por amor à rainha egípcia Cleópatra, restaurou o prédio de biblioteca e doou 200 mil volumes em pergaminho que os romanos tomaram da biblioteca do rei Eumedes, da cidade de Pérgamo, na Ásia Menor. Aliás, “pergaminho”, a famosa folha de pele curtida de animais, tem seu nome em alusão à cidade de Pérgamo. Para incentivar a produção de papiro, o antigo rei Ptolomeu proibiu a importação de Pergaminho de Pérgamo.
Antes da destruição pelos árabes, a biblioteca de Alexandria sofreu dois saques anteriores. Em 47 a.C., o general romano Júlio César promoveu a queima de bom número de manuscritos da biblioteca (O império Macedônio e, consequentemente, o Egito, caíram sob domínio romano). Não se sabe exatamente o motivo desse ato. No entanto, há indícios que Júlio César tinha como objetivo destruir obras ocultas do acervo daquela instituição.
Já o imperador romano Diocleciano ( 284-305 d. C.) queimou obras de alquimia da biblioteca quando ordenou a invasão a Alexandria em 295 d.C. para sufocar uma revolta.
O que era alquimia? Trata-se de uma ciência oculta através da qual acredita-se ser possível transformar objetos em ouro. Diocleciano temia que os egípcios pudessem fabricar ouro através da alquimia e, com o produto, pagar mercenários para formar um grande exército com o qual passariam a hostilizar o poder de Roma.
Para o imperador, os manuscritos sobre alquimia que estavam no acervo da biblioteca de Alexandria deveriam ser destruídos. Não se sabe as circunstâncias que levaram Diocleciano a preocupar-se com o assunto, se superstição ou era sabedor de fatos concretos dos quais temia.
Parece piada essa história de haver possibilidade de se transformar em ouro qualquer objeto. Mas essa história não é de todo ridícula. Afinal, como diz a química, todos os seres do mundo- animais, vegetais e minerais- são formados por “átomos”, ou seja, a menor parte da essência. Tal como uma casa, que é construída com milhares de tijolos, empilhados juntos e “colados” com cimento, tudo que existe na natureza é formado pela junção de átomos. E estes são divididos em neutrons, prótons e elétrons.
O átomo assemelha-se a um “Sol” com “planetas” gerando ao redor. Os neutrons e prótons formam o “Sol”. Os elétrons são os “planetas” que giram em torno do núcleo (formado por neutrons e prótons) em inimaginável velocidade.
Qual a diferença de um “Vaso” e uma “barra de ouro”? É evidente que ambos são totalmente diferentes. Mas o que exatamente os transforma em diferentes? Ambos têm algo em comum: são formados por átomos. No entanto, a diferença entre o “Vaso” e o “Ouro” está no número de “elétrons”. Um tem mais que o outro.
Se uma substância possui 26 elétrons, se for acrescentado mais um, transforma-se em outro material radicalmente diferente. Eis o segredo da natureza.
Se fôssemos descrever a alquimia em linguagem simples, seria a capacidade de se “acrescentar” ou “retirar” elétrons dos átomos do objeto para que o mesmo vire ouro, i.e, que tenha o mesmo número de életrons do ouro.
O processo parece simples demais, mas trata-se de um dos maiores desafios para a inteligência humana. Dominar os meios perseguidos pela alquimia será o primeiro passo do homem para descobrir como criar a vida. Se um dia a humanidade chegar a essa conquista, Deus já não teria mais o monopólio de ser o criador da vida.
E muitos mistérios da vida estavam registrados em manuscritos guardados na biblioteca de Alexandria. Uma das obras era “ A História do Mundo”, escrita pelo sacerdote babilônio Bérose.
Nascido em 356 a.C. e falecido em 261 a.C., Bérose era um sacerdote de Bel-Marduk, uma antiga religião do oriente. Foi historiador, astrônomo e astrólogo. Inventou o relógio de sol semicircular e foi o primeiro a teorizar sobre os raios do sol e da lua.
Tendo refugiado-se na Grécia, Bérose teve contato com seres extraterrestres chamados Apkallus. Eles o teriam relatado como surgiram os primeiros homens na face da Terra. O sacerdote transcreveu essas informações em seu livro “A História do Mundo”, cujo manuscrito encontrava-se na biblioteca de Alexandria.
Dessa obra, restam-se apenas alguns fragmentos de uma alguma cópia que escapou da destruição da biblioteca pelos árabes. Esses trechos relatam ensinamentos dos extraterrestres transmitidos àquele sacerdote que foi pai de Sybila, uma famosa profetiza da Grécia antiga.
Como surgiu o primeiro homem na face da Terra? Teria sido Adão como nos relata a Bíblia cristã? Ou teria sido um macaco que evoliu para o homem moderno ao longo de milhares de anos, como argumenta a ciência?
A teoria científica é a mais aceita devido a sua argumentação lógica. Suas provas encontram eco em milhares de fósseis achados em todos os continentes. Vemos que, quando mais antigos, os fósseis humanos apresentam-se em formatos semelhantes a de macacos. Reforça-se a conclusão que os macacos evoluíram para se tornaram os homens de hoje, porém não se sabe exatamente como isso ocorreu. Trata-se de um elo perdido que a ciência vem exaustivamente procurando decifrar.
Para os espíritas, nossos ancestrais foram trazidos para a Terra por seres extraterrestres. Os “homens-macacos” já existiam na Terra e foram progressivamente sendo exterminados ou assimilados em cruzamento com os novos seres, os “homens modernos”. Não se tratava, portanto, de evolução de espécies, mas do domínio de uma raça “estrangeira” sobre outras “autóctones”.
O sacerdote Bérose relatava essa origem perdida no tempo em seu livro “ A História do Mundo”, cujas informações lhe foram dadas por Apkallus, descendentes dos extraterrestres que teriam transportado os primeiros homens para a Terra. A ufologia, a ciência que estuda os misteriosos discos voadores, relata que nossa raça, i.e, dos “homens modernos”, é a mesma de alguma civilização extraterrestre perdida no Universo. E que esses nossos “primos” são um dos vários povos “exploradores” espaciais que vêm visitando ultimamente a Terra. Vem daí o relato de muitas pessoas que dizem terem tido contato com tais “visitantes” que alguns deles parecem-se fisicamente conosco.
A história de uma raça de “homens modernos” corrobora com o que relatam os arqueólogos sobre os primórdios do continente europeu. Os povos da Europa de hoje são descendentes de tribos que imigraram da Ásia para aquele continente milhares de anos antes do nascimento de Cristo. Esses invasores conheciam a fundição e fabricavam armas de metal. Além disso, utilizavam cavalos, um animal inexistente na antiga Europa e imponente arma de guerra.
Os antigos povos da Europa, homens pré-históricos menos evoluídos, foram exterminados pelos invasores conhecidos por “Indo-europeus” em guerras ou pela assimilação racial. Dos antigos habitantes autóctones do continente europeu restaram os “Bascos”, povo que vive atualmente no norte da Espanha e no sul da França.
Com relação à origem dos egípcios, o primeiro e o mais antigo povo dito “civilizado” da história oficial da humanidade, os eruditos intrigam-se com o fato que há uns 6.000 anos antes de Cristo, eles não passavam de várias tribos nômades e selvagens que rondavam pelas terras férteis das margens do rio Nilo. Isso é o que nos indica a arqueologia. Como aqueles selvagens transformaram-se tão rapidamente num povo evoluído que foi capaz de construir as pirâmides, obra que até hoje ninguém imagina como pode ter sido realizada sem a moderna tecnologia? Além disso, os egípcios possuíam espetacular conhecimento da matemática, astrologia e outras ciências.
Há uma lacuna inexplicável entre o período em que os egípcios eram tribos selvagens e quando transformaram-se numa civilização com tão avançados conhecimentos. Pelo que se sabe, a transformação foi rápida em termos cronológicos. O intrigante mesmo foi a constatação da diferença das múmias de faraós e nobres com fósseis de pessoas do povo do antigo Egito. A classe dominante era de uma raça totalmente diferente da do povo. Os traços físicos eram exóticos e estranhos com relação aos negróides egípcios. Sim, os egípcios eram negros, se bem que mais aparentados com mulatos. Nas ciências exotéricas, afirma-se que os faráos e nobres do antigo Egito faziam parte de algum povo extraterrestre que contactou com as tribos nômades do Nilo e, por força de sua inteligência superior, dominaram transformando-os em súditos.
Ficção ou realidade, a chave para a solução desse enigma estava no “Livro de Toth”, um dos que também foram queimados no incêndio da biblioteca de Alexandria pelos árabes.
Toth é um deus da mitologia egípcia representado por um homem de cabeça de Íbis, pássaro comum no rio Nilo. Ele era desenhado também com uma pluma na mão escrevendo em folhas de papiro ou pergaminho. Era-lhe atribuída a invenção da escrita, que para os egípcios possuía conotoção divina.
Segundo a lenda, o próprio deus escreveu o livro que levou seu nome e através do qual, quem o lesse, aprenderia os mais profundos e ilimitados poderes exotéricos. Poderia ver o sol de frente, comunicar-se com os espíritos e os animais, ressuscitar os mortos (como Jesus Cristo conseguia), enfim, atingir o pleno poder da mente. Diziam os antigos egípcios que a obra remontaria entre 10 a 20 mil anos.
A primeira alusão ao “Livro de Toth” chegou ao conhecimento dos intelectuais da Europa em 1868. Naquele ano, havia sido decifrado o “Papiro de Túnis”. Esse documento relata uma conspiração contra a vida do faraó. Tal como o vodu do atual Haiti, os participantes do complô tinham feito estátuas de cera que representavam o faraó e alguns de seus colaboradores. Através dos bonecos, invocavam pragas contra o soberano. O faraó descobriu a conspiração e mandou prender os envolvidos- 40 oficiais e seis damas da Corte. Acabaram condenados à morte e executados. Os conspiradores tinham um exemplar do “Livro de Toth”, através do qual seguiram rituais de invocação para atingir o faraó. O livro foi queimado.
Em sua obra “ Les livres maudits” (Os livros Malditos) (Editions J’ai lu- 1971- França), Jacques Bergier relata que o deus Toth teria reencarnado num mágico chamado Hermes Trismegisto, que teria vivido no Egito nos anos 300 a.C. Trismegisto foi o fundador da alquimia, cujos segredos estavam decifrados no “Livro de Toth”. Atribui-se também a essa obra a criação do jogo de baralho. Bergier conta que uma antiga sociedade exotérica européia teria divulgado um resumo da obra de Toth em fichas. Estas teriam transformado-se nas cartas desse jogo.
O mesmo autor citou Antoine Court de Gébelin, membro da Academia Real de la Rochelle (França) que escreveu “Le monde primitif” (O mundo primitivo). Trata-se de uma obra em nove volumes escrita entre 1773 a 1783. Segundo Antoine, ele tivera acesso a um antigo manuscrito que escapou do incêndio da biblioteca de Alexandria e através do qual teve informações suficientes para afirmar a origem das cartas no exoterismo egípcio, quem sabe no “Livro de Toth”. Faz sentido que o jogo de cartas teve origem no exoterismo uma vez que fora adaptado, transformando-se no tarot, um intrigante baralho que aperfeiçou sobremaneira a arte de se advinhar o futuro.
Há uma antiga tradição que atribui os principais postulados do exoterismo a ensinamentos de seres extraterrestres. Nesse ensaio, foi relatada a singular história do sacerdote babilônio Bérose. Acredita-se que Toth teria sido outro visitante alienígena com poderes mentais extraordinários. Os ancestrais egípcios, que tiveram contato com tal ser, considerou-o como um “deus” vindo dos céus. Daí o nascimento da mitologia e relato de feitos fantásticos em torno de sua aparição.
A destruição da biblioteca de Alexandria acarretou na destruição da maioria das mais importantes obras exotéricas da antiguidade, que através das quais haveríamos de te muitas respostas para enigmas da história do mundo. Uma dessas obras era a “Epopéia de Gilgamés”, cuja cópia com tradução em língua egípcia foi destruída durante o incêndio da biblioteca de Alexandria. Esse estranho livro estava totalmente perdido quando foi descoberto sua versão original nas ruínas de uma biblioteca do antigo povo assírio.
Os assírios, célebre povo da antiguidade que vivia na Mesopotâmia, hoje Iraque, organizaram uma notável biblioteca que, por uma sorte do destino, chegou até nossos dias intacta, apesar de aquele povo ter sido exterminado da face da Terra pelos babilônios. Em 1854, o arqueólogo inglês Austen Layard descobriu a famosa biblioteca do rei assírio Assurbanípal. Eram 30 mil tabuinhas de barro com inscrições cuneiformes enterradas nos encombros da antiga capital dos assírios, Nínive.
Na biblioteca de Assurbanípal, foram encontradas tábuas dos mais variados assuntos: fórmulas mágicas, textos litúrgicos, poemas, cartas, documentos comerciais, crônicas militares e uma autobiografia do proprietário, o rei Assurbanípal (669 a.C - 625 a.C).
Alguns dos textos advertiam os leitores desonestos que destroem ou rasuram livros. “Que Assur e Belit (deuses assírios) castiguem com sua ira aquele que ousar levar esta tabuinha e que seu nome e sua lembrança sejam apagados da face da Terra”. Em outros textos, havia o seguinte “carimbo”: “Eu, o grande Assurbanípal, rei poderoso, estudei essa tabuinha e guardei-a em meu palácio”.
O mais intrigante livro encontrado na biblioteca de Assurbanípal foi 12 placas de argila com a história de Gilgamés, um poema épico sobre o dilúvio! A história de Noé não é, portanto, exclusividade da Bíblia judaico-cristã.
As placas estavam escritas em idioma acádico, mas os especialistas afirmam que o texto é uma antiga tradução de originais em língua sumérica, do misterioso povo pioneiro na colonização da Mesopotâmia, chamada pelos historiadores de “Berço da Civilização”.
Gilgamesh
Gilgamés é um “semi-deus”, filho de um “deus” com uma mortal. O herói construiu um muro em volta de Uruk, cidade da qual era rei e da qual também podia-se contemplar a morada do “deus do céu” cuja edificação ficava suspensa no ar com seus silos. O que seria isso?
Já a segunda placa relata que a deusa celestial Aruru criou Enkidu, um homem peludo, vestido em peles e que vivia de ervas dos campos. Tratava-se de um semi-animal. O herói Gilgamés resolveu enviar uma bela mulher, uma semi-deusa, para que cruzasse com Enkidu. Da cópula, nasceu o que chamaríamos o “ser humano”.
Na terceira placa, conta-se que Enkidu foi arrebatado por um objeto voador que o raptou através de “asas e garras poderosas”. Nas partes seguintes, Gilgamés e Enkidu, sentados numa águia, viajavam no espaço rumo à “sede dos deuses”, onde vivia a deusa Irninis que lhes advertiram: “Voltai! Nenhum moral chega ao monte sagrado onde moram os deuses. Quem olhar a face dos deuses, dever ser exterminado”. Interessante essa frase. O mesmo aviso “Deus” deu a Moisés: “Tu não podes ver minha face, pois nenhum ser humano que me vê conserva a vida...”
Os povos mesopotâmicos afirmavam que a Terra era redonda, isso várias dezenas de séculos antes dos fanáticos da Europa Medieval que quase queimaram Galileu Galilei na fogueira por afirmar a blasfêmia sobre o formato esférico do nosso planeta. Sobre o formato da Terra, aqui um trecho textual da tradução das placas da história de Gilgamés.
“Ela me falou: ‘Olha para baixo sobre a Terra! Que aspecto tem? Olha sobre o mar! Como te parece? E a Terra era como uma montanha, e o mar como uma poça d’água. E novamente voou ela mais alto, subindo quatro horas, e me falou: “Olha para baixo sobre a Terra! Que aspecto tem? Olha sobre o mar! Como te parece? E a Terra era como um jardim, e o mar como o córrego de um jardineiro. E mais quatro horas ela voou para o alto e disse: “Olha para baixo sobre a Terra! Que aspecto tem? Olha sobre o mar! Como te parece? E a Terra parecia um mingau de farinha, e o mar era como uma barriga d’água”.
O famoso autor de livros sobre mistérios da humanidade, Erich von Däniken, fez a seguinte observação em seu livro “Eram os Deuses Astronautas? Enigmas indecifrados do passado” (Edições Melhoramentos, 2ª edição, 1970), baseando-se nesse trecho do livro de Gilgamés. “Neste caso particular, algum ser deve ter visto o globo terrestre a grande altura! Acertado demais é o relato para poder ser puro produto da imaginação! Quem poderia relatar que a Terra teria o aspecto de um mingau de farinha, o mar o de uma barrica d’água, se ainda não houvesse a mínima idéia do globo terrestre “visto por cima”? Pois de fato a Terra, vista de altura considerável, parece um quebra-cabeças composto de mingau e de barricas d’água” (Pág. 65).
No meio da viagem celestial, eis que Enkidu morreu vítima de uma doença misteriosa. Gilgamés chorou a morte do amigo e resolveu empreender uma viagem rumo à morada dos deuses. Havia cismado que poderia morrer da mesma doença que vitimou Enkidu.
O herói chegou até as montanhas que sustentam o céu nas quais estava arqueada a Porta do Sol, onde postavam-se sentinelas gigantes, perante os quais Gilgamés teve que pedir permissão para entrar. Após longo diálogo com os gigantes, o herói conseguiu entrar no parque dos deuses, onde encontraria-se com Utnapischtim, o pai dos homens.
Contemplou um grande mar em que teve de navegar para alcançar à longíncua morada de Utnapischtim. Depois de vários problemas, Gilgamés, enfim, teve o encontro com o deus supremo. Pensava encontrar-se com um gigante, uma criatura de grande poder, mas deparou-se com um homem simples, mero mortal, que nada se compararia a um deus idealizado.
Gilgamés manteve longo diálogo com Utnapischtim que lhe contou a história do dilúvio, que havia assolado a Terra em seus primórdios: o anúncio para ele sobre a tragédia, a ordem para que fosse construída uma arca em que deveriam ser salvos sua família e animais, os momentos de tensão quando a chuva jorrou sobre a Terra e o lento abaixamento do nível da água, quando a barca aportou numa montanha.
Não há dúvida sobre o paralelismo entre essa história com a do livro do Gênesis, da Bíblia. Däniken aponta inclusive que a história de Gilgamés é mais antiga que a da Bíblia. Diz a tradição que os cinco primeiros livros da Bíblia- Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio- foram escritos pelo profeta Moisés, aquele que libertou o povo judeu do cativeiro do Egito. Nem se sabe ao certo em que qual língua esses livros teriam sido escritos. Aponta o autor de “Eram os deuses astronautas” que Moisés, criado na corte do faraó, teve uma sólida educação e acesso a bibliotecas egípcias de obras ocultas. Lá teria lido a história do dilúvio e outros relatos sobre os primórdios da civilização humana, que lhe inspirariam para a redação futura dos primeiros livros da Bíblia. “Se adotarmos a hipótese de que o poema épico de Gilgamés chegou ao Egito, vindo dos sumérios, através dos assírios e babilônios, e que o jovem Moisés lá o tenha encontrado e adaptado às suas finalidades, então, a história sumeriana do dilúvio é a original, e não a que consta na Bíblia”, observou Erich von Däniken (Página 68).
E refletindo sobre a história de Gilgamés, seria Utnapischtim o Noé da Bíblia cristã? Para Däniken, não é o Noé, mas certamente seu bisavô Enoque, que, segundo o Gênesis capítulo 5, versículo 24, nem teria morrido, mas ido para o céu, tempos depois que lhe foi revelada a professia do dilúvio.
Em 1947, foram encontrados em Qumram, Israel, vários manuscritos valiosíssimos de uma antiga seita judaica. Antes de o reduto da seita ter sido conquistado pelos romanos no primeiro século de nossa era, adeptos esconderam a ancestral biblioteca de pergaminhos em inúmeros vasos escondidos nas cavernas às margens do Mar Morto.
E lá permaneceram durante séculos até que dois beduínos encontraram o tesouro arqueológico. Descobriu-se que os pergaminhos eram não só as mais antigas cópias dos livros da Bíblia, como textos mais completos e intrigantes que as atuais traduções do livro sagrado do Cristianismo.
Entre os pergaminhos inéditos, encontrava-se o “Livro de Lameque”. A história relatada nesse pergaminho, apesar de boa parte em frangalhos devido a deterioração, é surpreendente. Lameque é o pai de Noé e neto de Enoque.
Relata o velho pergaminho que, certa vez, Lameque olhou para Noé, então um criança. Percebeu que o garoto não parecia em nada fisicamente em comparação ao pai e aos outros filhos. Furioso, Lameque indagou sua esposa Bat-Enoshe se o traiu com outro homem. A mulher negava veementemente. Ela falava que Noé era um “filho do céu”. O que era isso?
Desconsolado, Lameque buscou conselho junto a seu pai Matusalém, para o qual relatou sua aflição. Este último ouviu e meditou. Disse a Lameque que esperasse pela resposta até que ele mesmo, Matusalém, retornasse da viagem em que consultaria com seu pai Enoque.
Dentro de algum tempo, Matusalém encontrou-se com Enoque ao qual relatou o drama do filho Lameque. Enoque explicou-lhe que Noé era fruto da concepção entre Bat-Enoshe e um “filho de Deus”, tal como a história de Enkidu e a mulher enviada por Gilgamés, e que o garoto Noé seria o pai de uma nova raça humana após o grande dilúvio que cairia sobre a Terra para acabar com a humanidade corrompida. Sim, Lameque era um “corno”, mas sua mulher entregou-se para um “Filho de Deus”. Enoque revelara pela primeira vez a profecia do dilúvio. Disse a Matusalém para que convencesse Lameque a aceitar Noé, para o qual estava destinado o importante projeto da depuração da raça humana.
Mas afinal de contas, quem ou que criatura seriam esses tais de “filho de Deus”. Para Däniken, são extraterrestres. Para fundamentar essa tese, o escritor cita dois intrigantes versículos do livro bíblico do Gênesis. “ Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas. Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram”. (Gênesis 6. 1 e 2). Depois no mesmo capítulo, no versículo 4, complementa-se: “Ora, naquele tempo havia gigantes na terra, e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos, estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade” ( Bíblia Sagrada, tradução de João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1968).
Se o leitor acredita ou não em extraterrestres, isso é convicção de ordem pessoal. Mas os versículos bíblicos citados são muito intrigantes. Se não são extraterrestres, quem afinal seriam esses tais de “filhos de Deus” ou “Gigantes”? Será que há alguma explicação plausível para esse enigma?
Outro detalhe interessante da Bíblia. No capítulo 5, versículo 24, do Gênesis, relata: “Andou Enoque com Deus, e já não era, porque Deus o tomou para si”, i.e., num capítulo em que se enumerava os nascimentos e falecimentos dos descendentes de Adão e Eva nos primórdios dos tempos, Enoque era citado como tendo vivido na terra, mas não se informava sobre sua morte a não ser que foi levado por Deus para algum outro lugar sem o intermédio da morte biológica. O que significa isso?
Para Däniken, Enoque pode ser o Utnapischtim, da epopéia de Gilgamés, um humano transportado para o mundo dos “deuses”.
***
E os enigmas de outros mundos não ficaram por aí. Depois do episódio do incêndio dos manuscritos de Alexandria, obra do fanatismo religioso, outros livros atribuídos a inteligências alienígenas apareceram no fechado circuito exotérico. Por ironia do destino, sumiram para atender a interesses que visavam esconder, do grande público, segredos paranormais e sobre a existência de outros mundos.
Uma dessas intrigantes obras é um livro intitulado “As Estâncias de Dzyan”. Não se sabe quem foi o autor, mas o intrigante é que esse livro, aparecido na antiga Índia, estava escrito numa língua chamada Senzar, que não pertence a esse mundo, mas um idioma de um povo extraterrestre. A tradução para o inglês dessa obra misteriosa foi feita por uma clarividente russa chamada Helena Petrovna Blavatsky, nascida em 1831 e falecida em 1891.
A aventura começou quando madame Blavastsky, uma aventureira que percorrera o mundo, conheceu um mágico de origem copta, no Cairo, capital do Egito. O cidadão era um erudito. Ele revelou à clarividente russa a existência do livro “As Estâncias de Dzyan”. Segundo o mágico, o original estava guardado num mosteiro do Tibete, que talvez tivesse sido retirado da biblioteca de Alexandria antes de sua destruição. O erudito disse-lhe que o livro revelava segredos de povos de outros planetas e abordava profundos príncipios do exoterismo.
O caminho para chegar à misteriosa obra teve inúmeros lances. Não é objetivo desse ensaio relatar a aventura por pormenores. Não se sabe como ela aprendeu a misteriosa língua, mas acredita-se que a russa tivera contatos extra-sensoriais com alienígenas com os quais, com a convivência, descobriu-lhes o idioma. A tradução de Helena acabou sendo publicada em 1915, pela editora “ Hermetic Publishing Company” (Companhia de Publicações Herméticas), de San Diego, Califórnia, Estados Unidos.
O já citado autor de livros de mistérios, o francês Jacques Bergier, relata que teve acesso a essa obra em 1947, quando a consultou na biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Do original, não se tem notícias. O misterioso é que, se fosse obra do charlatanismo, a clarividente não teria tanto conhecimento para produzir uma obra prima, tanto em estilo como em conteúdo.
Outra intrigante história sobre contatos registrados com extraterrestres é a do matemático inglês John Dee (1527-1608). Este erudito deixou manuscritos sobre a língua de extraterrestes com os quais manteve longo contato através de um espelho negro de rocha antracite extremamente polido. Esta peça encontra-se no Museu Britânico.
Dee chamava os extraterrestres de “anjos”. Não se sabe exatamente as circunstâncias do primeiro encontro do matemático com os “anjos”. Estes revelaram-lhe que olhando profundamente o espelho ele teria contato com outros mundos e com seus habitantes.
O matemático anotava suas conversações e uma parte delas fora publicada por Meric Casaubon num livro intitulado “A true and faithfull relation of what passed between Dr. John Dee and some spirits” ( Um relato verdadeiro e verídico do que passou entre o Dr. John Dee e alguns espíritos). Os manuscritos de Dee, que restam hoje apenas algumas páginas, revelam uma língua que ele batizou de “Enoquiana” (de “Enoc”, termo da Bíblia que qualifica as pessoas puras e boas). O termo homenageia o bisavô de Noé, Enoque.
Há quem afirma que tal língua descrita pelo matemático não passa de um idioma inventado por ele. Mas a idéia de se inventar línguas artificiais ainda não havia florescido na época em que vivia Dee. Este erudito, que fora especialista em química e ótica, salientava que, por detrás desse mundo em que vivemos, há outras dimensões nas quais presenciam-se outros mundos. Um acesso a eles pode dar-se pelos sonhos. Por isso, esse intelectual enfatizou a importância de se estudar os sonhos, isso séculos antes do trabalho pioneiro de Freud.
John teve uma vida infeliz marcada por perseguições. Por essa razão, foi discreto na divulgação de suas experiências místicas. Afinal, viveu numa época em que a inquisição imperava. Apesar de ter sido protegido da rainha da Inglaterra por um tempo, morreu na pobreza, mas os detalhes de como chegou a esse extremo são vagos e imprecisos. Sabe-se que ele conheceu pessoalmente o grande dramaturgo inglês William Shakespeare (1664-1616). Acredita-se que o personagem Próspero, da peça “Tempestade”, de Shakespeare, era baseada na figura de John Dee.
Em 1597, desconhecidos invadiram a casa de Dee e incentiaram sua valiosa biblioteca. O intelectual colecionava manuscritos raros. Um deles era de autoria de um antigo mágico da Inglaterra, Roger Bacon (1214-1294). Tratava-se de um texto escrito numa língua desconhecida. O Duque de Northumberland ofereceu o documento a John. Este, por sua vez, deu o texto de presente ao imperador Rodolfo II entre os anos de 1584 e 1588.
O texto era conhecido por “Manuscrito Voynich”, em alusão ao livreiro deste século chamado Wilfred Voynich. Ele havia comprado esse texto da escola jesuíta de Mondragone, Itália, onde o documento encontrava-se desde o século XVII.
Quando Rodolfo II recebeu o manuscrito, chamou o sábio tcheco Johannes de Tepenecz para traduzi-lo. Não conseguira. Em 1666, o documento chegou às mãos de Johannes Marcus Marci, reitor da Universidade de Praga (hoje capital da República Tcheca). Este enviou o manuscrito a Athanasius Kircher, aquele jesuíta alemão que viveu no Egito onde escreveu uma gramática de língua copta e iniciou estudos sobre os hieróglifos. Como relatei em ensaio anterior sobre a vida e obra de François Champollion, o decifrador dos hieróglifos estudou copta com a gramática de Kircher.
Especialista em criptografia (decifração de escritas exóticas), Athanasius Kircher não conseguiu também traduzir o manuscrito. Assim deixou o documento na biblioteca da escola jesuíta italiana até que foi comprado em 1912 pelo livreiro Voynich.
Acredita-se que tal manuscrito tenha sido escrito por Roger Bacon em transe mediúnico. O texto está numa língua não aparenta em nada com algum idioma da Terra. Nesta desconhecida língua, havia manuscritos na Biblioteca de Alexandria É mais um exemplo de documento em língua extraterrestre.
Aqui uma frase na exótica língua. “Ol sonuf vaorsag goho iad balt, lonsh calz vonpho. Sobra Z-ol ror I ta nazps “. Dizem que repitir tal frase abrem-se os caminhos para conhecer outros mundos através dos sonhos, tal como aqueles que o procuravam nos manuscritos da lendária Biblioteca de Alexandria.
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