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terça-feira, 27 de junho de 2017

Comparações entre o ensino superior público e o privado

Esse intrépido blogueiro é contra o ensino superior particular e encontrou na web esse artigo interessante que vou compartilhar com vocês -
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João Carlos Cardoso Comentário ao post "O retrocesso no ensino superior"


"Me engana que eu gosto". Este é o título do texto de Marcos Coimbra postado, aqui mesmo, pelo Nassif e que acabei de ler. Mas, como título, cabe como uma luva para este dos dois colegas professores da USP e Unesp. É difícil contra-argumentar com pontos de vista tão firmemente postados, há tanto tempo, entre certa parcela de professores universitários, sobretudo os que estão engajados nos sindicatos e associações. É cansativo ler ou ouvir o mesmo rosário de argumentos: retrocesso, privatização do ensino, força do movimento estudantil, excelência do ensino público, precarização e busca do lucro das IES privadas, etc. etc.


Os professores da USP e Unesp repetem o mesmo mantra que escuto entre alunos meus e colegas professores, aqui, no Nordeste. Acertam o discurso, creio, nos vários "Encontros Políticos" realizados ao longo do ano em todo o Brasil. Se, pelo menos, fosse verdadeiro este discurso seria muito bem vindo.




Mas é que de tudo o que dizem, somente algumas passagens podem ser consideradas corretas. O resto é premissa falsa, cuja única função é preparar o terreno para a verdade suprema ser defendida: Ensino superior de qualidade só "público e gratuito". O resto é enganação e busca frenética por lucro. Conheço os dois universos. Há vinte anos sou professor de Universidade pública e de universidade privada, há dez anos.


 Conheço bem ambos os universos porque além de professor ocupei cargos administrativos nos dois modelos. Fui diretor de pesquisa e pós-graduação na instituição privada e fui Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, na pública. Convivi por mais de oito anos com dirigentes, gestores estaduais e federais, alunos, representações docentes e discentes, enfim com todo mundo.


Conheço mais ou menos as fraquezas e os pontos fortes de ambos os modos de fazer e posso lhes dizer: não tratamos, aqui, de um quadro maniqueísta de oposição entre bem e mal como querem nos fazer ver os dois autores.É verdade que a maioria das IES privadas não faz pesquisa e que, em muitos casos, nem liga para isso. Há muito charlatanismo travestido de Faculdade e que conta com vasto campo de crescimento. Mas há aquelas que têm se esforçado em criar campos de pesquisa, até mesmo porque têm sido cada vez, mais vigiadas pelo MEC.


Isto não ocorre nas públicas, em pouco ou quase nada cobradas ( a não ser nas metas do REUNI, citadas e criticadas pelos autores). Muitas das IES privadas, ao invés de fazer pesquisa - que, de fato, é mais cara - têm se concentrado em ações de extensão e tem feito enormes avanços. A tal da responsabilidade social, termo caro a elas, por vezes é tratada somente como estratégia de marketing, mas, por vezes, funciona e de forma competente.


Se a IES pública encabeça a pesquisa quase não faz extensão, ou faz menos do que deveria ou poderia. Quanto à pesquisa, se mergulhassem um pouco mais abaixo da superfície os autores poderiam descobrir que boa parte dela não tem destino algum a não ser a "crítica roedora dos ratos" do nosso sempre atual Karl Marx. Faz-se cada vez mais pesquisa, abrem-se cada vez mais cursos de pós-graduação, publica-se cada vez mais e mais. Entretanto, nunca vi uma universidade pública tão distante da inovação, das mudanças estruturais exigidas pela sociedade. Até a pesquisa básica patina e não retorna aos bancos escolares de graduação.


Esta graduação está, mais e mais distante da realidade e formando profissionais despreparados. Faz-se pesquisa, hoje, tanto na pública como na privada como se estivesse em uma linha de montagem de artigos científicos, destinados a alimentar currículos Lattes de professores e alunos ditos "pesquisadores".


Gestão


Se compararmos as IES públicas com as privadas diria que estas últimas dão um banho nas primeiras no quesito Gestão. O PROUNI simplesmente inundou as IES públicas com recursos federais. Não falta dinheiro nem recursos para nada. Nosso argumento maior durante os anos FHC era de que o sucateamento da Universidade pública se devia a falta de recursos. Dou a mão à palmatória. Estava errado. Hoje temos dinheiro, mas não sabemos o que fazer com ele. Ou não estamos dispostos a rever conceitos e otimizar a aplicação destes recursos na preparação da universidade para o futuro. Nossos gestores são professores que, se dermos sorte, entenderam algo de gestão pública.


Nossos planejamentos estratégicos, após meses e meses de debates "democráticos", protestos e boicotes, acabam se transformando em colchas de retalhos de boas intenções, publicados aos milhares por nossas gráficas ociosas e recém equipadas com o que há de melhor em maquinário. Ninguém lê. Nossas estruturas curriculares são dinossauros vivos que quando resolvemos rever (também a partir de longos e "democráticos" debates) conseguem ficar ainda mais "dinossáuricas", visto que todas as linhas de pesquisa devem ser contempladas e os nichos ideológicos preservados.


As IES privadas também não são nenhum paraíso. De fato, recorrem a truques para driblar a exigência do MEC por professores com dedicação exclusiva. Demitem quando os salários começam a ser um problema e recontratam jovens a custo menor. Vivem como parasitas, por vezes, das IES públicas. Usam os recém-doutores destes ou os velhos doutores aposentados para cumprir metas do MEC. Diria, para finalizar, que temos, há muito tempo, um grave problema: não sabemos como estruturar o nosso sistema de educação superior. A partir dos anos noventa acreditou-se que a estratégia da abertura para o mercado e a criação de um modelo dual público/privado poderiam fazer avançar quanti e qualitativamente o Ensino superior.




          Blog de luisnassif

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