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segunda-feira, 9 de julho de 2018

O cinema continua, apesar de Jean-Luc Godard

O mundo divide-se claramente entre aqueles que se extasiam perante qualquer nova produção de Jean-Luc Godard e aqueles que pensam que, com raras exceções, os seus melhores trabalhos foram realizados antes de 1967. Da leitura das próximas linhas ficará o leitor a saber de que lado da "barricada" se encontra o autor destas crónicas de Cannes. É no entanto sempre de espírito aberto que se entra na sala de cinema, seja um Godard ou qualquer outro cineasta que nos espera. Mas o título do filme do veterano de 87 anos que Cannes chamou à sua competição, "Le Livre d"Images", antecipava desde logo o que seria esperado. Se nos trabalhos anteriores de Godard o dispositivo consistia em espalhar frases pelo ecrã, em 2D ou 3D, pouco importa, sem dar a qualquer espetador de inteligência média o tempo de as digerir antes da chegada da próxima, pelo menos desta vez Godard mudou de registo.

No entanto, para ter um filme será suficiente colar imagens de Eisenstein e Nicholas Ray, Bergman ou Orson Welles, cruzá-las na banda de som com citações de clássicos da literatura e misturá-las com peças de música clássica, para que tenhamos algo de novo, mesmo que ordenadas segundo uma lógica "explicada" pela voz rouca e marcada pelo tempo e pelos charutos de Godard? Onde estará o cinema, perguntam-se mesmo alguns dos seus eternos seguidores. Godard transformou-se numa religião e não lhe seguir o culto parece ser uma heresia cinéfila. Sejamos livres, então. A verdade é que Cannes 2018 tem colocado o cinema em segundo plano, face a temas politicamente corretos cujas "cotas" funcionaram no momento de organizar a seleção deste ano. Algo que terá funcionado até a favor do português "Diamantino", projetado já na Semana da Crítica.

Afinal, um filme-brincadeira, extensão para o formato de longa do universo das curtas de Gabriel Abrantes que, aqui com Daniel Schmidt, se centra no melhor futebolista do mundo, madeirense, com uma relação muito particular com a família... Qualquer semelhança com a realidade será pura ficção? Mas estamos totalmente no mundo da fantasia, só que de gosto mais que duvidoso.

Tudo poderá ficar resumido na promoção ao filme, na contracapa da edição diária de uma das revistas da especialidade, onde se vê apenas Carloto Cotta com um slip com a marca Diamantino. Podemos voltar à questão inicial: por onde anda o cinema? Felizmente, gente como Kirill Serebrennikov ("Leto"), Pawel Pawlikowski ("Cold War") e agora Jia Zhang-ke, com "Ash is the Purest White", mostram que ainda há quem tenha realmente coisas novas para contar nessa maravilhosa forma de conjugar imagens e sons que é o cinema.

                         https://www.jn.pt